Ele sempre trabalhou tanto, sempre foi tão esforçado. Faculdade, trabalho, família, amigos... a verdade é que ele sempre deu o máximo de si pra tudo, e sabia que todos o viam desta maneira.
De repente, de uma hora pra outra, um amor o tomou de surpresa... Ele se via numa situação absolutamente nova: ter de mudar por alguém. Logo ele, sempre tão decidido, tão forte, tão racional e genioso...
Era um relacionamento agradável, isso ele sempre soube reconhecer, embora aquelas briguinhas sempre pelos mesmos motivos o tirassem do sério. Quando tudo terminou de vez, e a situação ficou nitidamente insustentável, tudo que ele mais queria era sumir. Não é só modo de falar. Ele desejava com todas as suas forças desaparecer, ou, ainda melhor, ele queria nunca ter existido. Desejava profundamente nunca ter conhecido o que era o amor. Na verdade, criou nojo do amor. Chegava a rezar em voz alta às noites, implorando a Deus que Ele arrancasse aquilo de dentro dele.
Decidiu então fazer birra com a Vida. Achava que ele tinha direito - depois de tantos anos de esforço - de sofrer até a hora que ele achasse necessário. Parou de trabalhar. Ele simplesmente não tinha cabeça pra isso. Parou também de cultivar as amizades, de sair. Seria forçar uma alegria inexistente. Começou a comer menos. O apetite simplesmente desaparecera... Continuou a fazer birra com a Vida por algum tempo, enquanto curtia cada minutinho de sua dor.
Só muito tempo depois a Vida começou a responder à altura. É claro. Se ele podia fazer birra com a vida, porque ela não revidaria?! Só porque ele se considerava digno e esforçado diante dela?
Perdeu peso, perdeu amigos, perdeu empregos. Sonhos ficaram embaçados. Energia de viver diminuia a cada dia... E o amor?! Esse não teve consideração nem mesmo de enterrar o que sobrou daquele coração. Também, quem mandou achar que podia parar a Vida por um motivo tão bobo?!
"Cada um que conviva com seus problemas", disse a Vida. "Haja o que houver, nada no mundo pára pra que você possa consertá-los."
...
terça-feira, 30 de junho de 2009
O que há de errado?
Por que nós nunca estamos felizes?
O menino iraquiano, subnutrido e amedrontado daria tudo pra viver a minha vida. Mas uma vez que ele a estivesse vivendo, logo enjoaria dela, e sonharia com a vida de alguém mais afortunado.
A gente se engana dizendo que tudo que se quer é uma casinha ventilada, e com um pouco de conforto pra criar os filhos e ver a família almoçar feliz. Mentira. O que a gente quer mesmo é tudo aquilo que não temos hoje.
A gente vive dizendo que quer viver um grande amor, e que amar e ser amado é mais que suficiente. Mentira. A pessoa tem que ser bonita, inteligente, ter boa família, ter bom emprego, ter formação acadêmica, ter carro, ter fala mansa, temperamento perfeito, ser um pouco mais caseira, ou um pouco mais baladeira... O ideal mesmo seria que ela fosse um pouco mais magra, ou um pouquinho mais gorda, ou quem sabe tivesse uma voz mais suave, ou os pés mais macios...
É triste saber que nós somos assim. Somos a raça mais exigente do universo, e, muito provavelmente, a menos satisfeita.
Só me resta esperar...
então que seja!
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