terça-feira, 30 de junho de 2009

Ele sempre trabalhou tanto, sempre foi tão esforçado. Faculdade, trabalho, família, amigos... a verdade é que ele sempre deu o máximo de si pra tudo, e sabia que todos o viam desta maneira.

De repente, de uma hora pra outra, um amor o tomou de surpresa... Ele se via numa situação absolutamente nova: ter de mudar por alguém. Logo ele, sempre tão decidido, tão forte, tão racional e genioso...

Era um relacionamento agradável, isso ele sempre soube reconhecer, embora aquelas briguinhas sempre pelos mesmos motivos o tirassem do sério. Quando tudo terminou de vez, e a situação ficou nitidamente insustentável, tudo que ele mais queria era sumir. Não é só modo de falar. Ele desejava com todas as suas forças desaparecer, ou, ainda melhor, ele queria nunca ter existido. Desejava profundamente nunca ter conhecido o que era o amor. Na verdade, criou nojo do amor. Chegava a rezar em voz alta às noites, implorando a Deus que Ele arrancasse aquilo de dentro dele.

Decidiu então fazer birra com a Vida. Achava que ele tinha direito - depois de tantos anos de esforço - de sofrer até a hora que ele achasse necessário. Parou de trabalhar. Ele simplesmente não tinha cabeça pra isso. Parou também de cultivar as amizades, de sair. Seria forçar uma alegria inexistente. Começou a comer menos. O apetite simplesmente desaparecera... Continuou a fazer birra com a Vida por algum tempo, enquanto curtia cada minutinho de sua dor.


Só muito tempo depois a Vida começou a responder à altura. É claro. Se ele podia fazer birra com a vida, porque ela não revidaria?! Só porque ele se considerava digno e esforçado diante dela?

Perdeu peso, perdeu amigos, perdeu empregos. Sonhos ficaram embaçados. Energia de viver diminuia a cada dia... E o amor?! Esse não teve consideração nem mesmo de enterrar o que sobrou daquele coração. Também, quem mandou achar que podia parar a Vida por um motivo tão bobo?!

"Cada um que conviva com seus problemas", disse a Vida. "Haja o que houver, nada no mundo pára pra que você possa consertá-los."



...

Um comentário:

  1. "o mundo não pra gente juntar os cacos"

    post muito forte, Léo, amei!
    :*

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